Bruno e Dom: PF identifica mandante do crime e confirma nome apontado por indígenas
A Polícia Federal (PF) afirmou que as mortes do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, ocorridas em junho de 2022 no Vale do Javari, foram encomendadas por um conhecido empresário da pesca ilegal na região. O anúncio foi feito na segunda-feira (23) durante entrevista coletiva em Manaus (AM).
O homem apontado como mentor intelectual do duplo homicídio é Ruben Dario da Silva Villar, chamado de Colômbia. Ele seria o líder de uma organização criminosa especializada em saquear recursos naturais da Terra Indígena Vale do Javari, além de ter envolvimento com o narcotráfico.
Segundo denúncia do MPF, os executores do crime foram Amarildo Oliveira (Pelado), o irmão dele, Oseney de Oliveira (Dos Santos) e Jefferson da Silva Lima (Pelado da Dinha). Faltava, até agora, a identificação do mandante pelas investigações.
Colômbia forneceu munição a autores do crime, diz PF
O indiciamento de Colômbia, que está preso desde dezembro, será feito após a coleta de mais provas. Pelo fornecimento da arma do crime, foi indiciado um quarto suspeito, Edvaldo da Costa de Oliveira, irmão de Pelado.
Segundo a PF, Colômbia forneceu munição aos executores do crime. Ele teria ainda fornecido um barco usado para pesca ilegal, custeado honorários a um advogado de Amarildo e feito contato por telefone com os suspeitos.
O procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliésio Marubo, disse que a indicação do mandante pelas investigações “não desmantela o cenário criminoso”. Segundo ele, é preciso investigar os laços de Colômbias com as prefeituras locais.
“Uma coisa é certa: se não houver uma ampla atuação na região, teremos mais mortes. Pois esses criminosos ainda estão lá”, escreveu Eliésio em mensagem a jornalistas.
Mesmo preso, Colômbia manteve negócios ilegais
A participação de Colômbia é apontada pelos indígenas do Vale do Javari desde o desaparecimento de Bruno e Dom, em junho de 2022. Ao Brasil de Fato, lideranças afirmaram que o empresário tinha prejuízo com as operações de monitoramento conduzidas pelo indigenista Bruno Pereira.
Em setembro do ano passado, quando Colômbia estava preso, o Brasil de Fato percorreu o rio Javari, que margeia a Terra Indígena, e flagrou com exclusividade um dos negócios de Colômbia em funcionamento. O estabelecimento, localizado em um flutuante na beira do rio, comercializava peixes pescados ilegalmente.
Outro lado
A defesa de Colômbia admite que o empresário tem negócios relacionados a pesca com Pelado, mas nega qualquer atividade ilegal. A reportagem não localizou a defesa dos citados pela PF. O espaço segue aberto a manifestações.